As falhas do mundo pela situação israelo-palestiniana

Israel ficou muito irritado com as palavras do Secretário das Nações Unidas, que, condenando explicitamente por diversas vezes o ataque cobarde do Hamas, no entanto, contextualizou-o num contexto de abusos violentos por parte do país de Israel perpetrados ao longo de mais de cinquenta anos contra o palestinos, especialmente civis. Esta afirmação é verdadeira ao longo da história, mas ainda mais extrema ao longo dos anos, que são muitos, dos vários governos de Netanyahu, que se têm aproximado cada vez mais da direita nacionalista e ortodoxa, um partido político com o único objectivo de subtrair, através de colonatos ilegais, terras não só para os palestinos, mas até para as tribos beduínas. O presidente israelita implementou uma política de divisão dos palestinianos, favorecendo os extremistas do Hamas, que reuniram o consenso dos palestinianos, acreditando a violência como a única solução possível. Deve dizer-se que isto foi favorecido pela atitude ambígua de Netanyahu, que primeiro permitiu um vislumbre da solução de dois Estados, e depois avançou cada vez mais para uma negação decisiva desta solução, colocando assim em desvantagem as partes moderadas da política palestiniana, várias vezes acusadas de incapacidade de atingir o objectivo de estabelecer um Estado palestiniano através de meios diplomáticos. É preciso dizer também que os interesses americanos, cada vez mais direcionados para o Sudeste Asiático, levaram a uma ausência, o que favoreceu a ação de Netanyahu, que nos conduziu até hoje. Mas os EUA não são os únicos responsáveis ​​por esta situação: a lista não é curta, a Europa tem mantido uma atitude condescendente para com Tel Aviv, condenando de forma ineficaz a acção israelita e não menos culpados são os estados árabes que permaneceram declarações de conveniência, sem agindo sempre com uma política unida para pressionar os EUA e os próprios israelitas, sem sequer tirar partido da recente reaproximação. Tudo isto contribuiu para determinar um aumento da tensão, que ocorreu sem alarde, com o Irão a tornar-se o único defensor oficial da causa palestiniana com o seu apoio cada vez mais decisivo às forças radicais. Teerão conseguiu preencher o vazio deixado por vários sujeitos, que poderiam favorecer uma solução pacífica, para explorar o caso palestiniano para as suas próprias necessidades geopolíticas e estratégicas. O Irão, através da Palestina, pode operar em duas frentes: a primeira é a luta contra a Arábia Saudita, que é política e religiosa, a segunda, mais ampla, é contra os EUA e o Ocidente em geral, factor que lhe pode permitir uma maior aproximação com a Rússia e a China. Como se pode verificar pelas responsabilidades de Israel por não ter prosseguido a política de dois Estados, mas, na verdade, por a ter contrariado, atingimos um estado de forte desestabilização global. Não foi difícil prever estes desenvolvimentos, mas os EUA e a Europa confiaram literalmente no acaso, deixando demasiada liberdade para a acção de Netanyahu. É necessário que a situação israelo-palestiniana não esteja num estado de tensão como o actual, para não alterar o já frágil equilíbrio mundial, e é por isso que Israel deve ser convencido a não usar uma repressão violenta tão intensa, que desqualifica considera-o um Estado democrático, colocando-o no mesmo nível de uma organização terrorista; o número de mortes de civis registadas na Faixa de Gaza já é muito superior ao causado pelo Hamas e a mesma operação terrestre temida na Faixa de Gaza corre o risco de ser uma enorme carnificina para os dois lados. Além disso, há a possível abertura de uma frente norte, com o Hezbollah pronto a intervir, uma situação cada vez mais sobreaquecida na Cisjordânia e ameaças explícitas do Irão de atacar Haifa. A presença de navios militares no Golfo Pérsico corre o risco de desencadear um confronto com Teerão, com a consequência de activar as células adormecidas e imprevisíveis presentes em todo o mundo. Nunca antes a paz esteve nas mãos infelizes de Netanyahu, em quem, honestamente, não se pode confiar. A acção de Biden, marcada pela moderação, ainda que tardia, parece ser a única capaz de ter alguma possibilidade de afastar o princípio da degeneração, que corre verdadeiramente o risco de deflagrar um conflito mundial. Só silenciando o barulho das armas e dos bombardeamentos incondicionais sobre Gaza poderemos esperar recomeçar uma espécie de negociação, que restaurará a força da solução de dois Estados e fará recuar os extremismos opostos. O tempo está se esgotando mas as possibilidades estão aí, somente com a reflexão adequada por parte de todos, além disso só existe o abismo.

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